domingo, 25 de setembro de 2011

Cartas sobre drogas: Baile funk

Caçapava, 11 de agosto de 2011.

Olá! Como vai?

Oi, meu nome é Paulinha e eu moro na Rua Caçapava. Eu tenho 14 anos e adoro soltar pipa, jogar bolinha de gude e muito mais. Onde eu moro é muito bom agora que está pacificado. Agora eu ando pra cima e pra baixo porque lá agora é um lugar tranquilo, mas nem sempre foi assim. As pessoas da comunidade são muito boas, só às vezes que sai briga. Mas no final fica tudo calmo. Vou falar um pouquinho sobre mim e minha família. Eu estou tendo um pouco de dificuldade na minha família porque eu estou indo muito para o baile. Aí eu vou passando de morro em morro e minha mãe fica muito triste com isso, preocupada comigo e com a vida que tô levando.   
            Vou falar um pouco sobre a minha irmã. Minha irmã é uma vítima das drogas. Por causa das drogas ela fugiu de casa, morou na rua, assaltou. Ela usava todo tipo de drogas. Ela já usou e fumou muito. Eu chorava muito, de tanta tristeza. Quando ela saiu da rua ela estava grávida, muito perto do bebê nascer. Ela voltou pra casa e na quinta-feira seguinte nasceu um menino chamado Lucas, o meu sobrinho, que agora está com 3 anos de idade. Ela não conseguiu largar o vício e depois de ter o menino ela voltou para as ruas. Ela novamente se envolveu com diversas drogas e depois de alguns meses ela engravidou de novo, de um outro homem. Ela teve outro menino, mas não ficou com ele, deu para o homem criar. Esse menininho foi muito maltratado pelo “pai”. Aí ele acabou sendo dado para uma vizinha que minha mãe conhecia. Lá ele ficou melhor, mais feliz. Quando ele fez 2 anos de idade minha irmã voltou e tentou pegá-lo de volta, mas não deixaram. Depois disso ela nunca mais apareceu. Alguns pensam que ela está morta. Mas eu acho que não, acho que ela deve estar na casa de algum namorado dela. Eu espero que ela seja feliz e que a gente também seja.   
            Eu queria que não existissem drogas no mundo. Tem muitos adolescentes usando drogas. Eu também já fui vítima. Uma vez eu fui a um baile e usei lança-perfume e fiquei muito agitada e quase arrumei confusão. Minha amiga sabia que eu tava drogadona, mas ela nem quis saber, nem me ajudou.  Eu lembro só da hora que usei, não lembro mais de nada. Alguém me botou dentro do carro e eu acordei no dia seguinte na casa de uma amiga, sem lembrar de nada, cheia de ressaca. Agora quando vou ao baile e vejo as pessoas se drogando eu me lembro dessa experiência. Depois disso eu nunca mais usei e não quero usar nunca mais.   
            Fiz essa carta para vocês conhecerem um pouco de mim e verem que a droga não compensa.


Beijos.

Paulinha


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